
Achando a chave
Resenhas catálogo | 11.09.2024
Última atualização 30.10.2024
Muitas surpresas se escondem atrás de uma porta fechada, mas há sempre uma chave que se apresenta para abri-la, oferecendo-nos tudo o que ela guarda, na vida real ou na fantasia.
Em Achando a chave, de Álvaro Faleiros e Fernando Vilela, somos convidados por um menino a entrar em uma casa que parece sua, embora até mesmo para ele sugira um ar de constante novidade. Com ele, percorremos vários de seus ambientes – sala, cozinha, banheiro, quarto –, que nos são apresentados com brincadeiras de palavras, rimas e imagens. Juntos, texto, traços e cores criam muitas possibilidades de aventura em um cenário que, à primeira vista, parece bastante comum: um sofá deixa de ser apenas um móvel para sentar se pensamos, sonoramente, que duas notas musicais – sol e fá – fazem seu nome; o tapete da sala, a mesma onde está o melódico sofá, pode sugerir um passeio pelo céu e um convite para ouvir algumas das mil e uma histórias de Sherazade... Tudo pode ser outra coisa nessa casa que aos poucos vamos conhecendo. Nem mesmo o pinguim que mora em cima da geladeira parece comum...
A divertida narrativa de Faleiros e Vilela reinventa o cotidiano e seus objetos e cria na materialidade do livro, a cada virada de página, giros para a imaginação. Como a chave, metáfora por excelência do que pode ser aberto, visto e apreciado, o “achando” do título aponta para uma busca perene de descobertas, renovada por cada fresta que conquistamos para olhar mais adiante e por ângulos distintos dos que nos estavam autorizados.
Com chaves nas mãos, cada leitor encontrará, em momentos e leituras diferentes, muitos caminhos a percorrer. É provável que algumas se percam e reencontrá-las pode se mostrar tarefa para a vida toda, desde a infância.
Fabíola Farias
Graduada em Letras, mestre e doutora em Ciência da Informação pela UFMG, com pós-doutorado em Educação pela UFOPA. Dedica-se à pesquisa e a projetos sobre leitura, formação de leitores, bibliotecas, livros para crianças e jovens e valorização da cultura da infância.